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Cronicamente Fabulosa

Tenho fibromialgia, mas também sou fabulosa e esta é a grande aventura que é a minha vida.

Cronicamente Fabulosa

Tenho fibromialgia, mas também sou fabulosa e esta é a grande aventura que é a minha vida.

Primeiros Dias.

por AF, em 30.09.19

 

Há sempre uma primeira vez para tudo.

É um facto que estamos fartos de ouvir. Já é até uma frase feita, um cliché que evitamos dizer mas que acabamos sempre por deixar escapar por entre os nossos lábios. Há a primeira gargalhada, a primeira palavra, os primeiros passos, o primeiro dente. Existe o primeiro dia de escola, a primeira queda de bicicleta, a primeira negativa ou o primeiro excelente no teste. A primeira paixão, o primeiro desgosto, a dita primeira vez. O primeiro trabalho, o primeiro salário.

Se continuasse a dizer todas as vezes em que temos uma primeira vez nunca mais saía daqui. A vida é feita de "primeiras vezes" e quanto mais arriscarmos nela, mais primeiras vezes temos.

Dito isto, hoje foi o meu primeiro dia no curso que vai mudar a minha vida.

Digo mudar a minha vida porque esta etapa representa o meu regresso ao activo. Significa que estou a tirar as rodinhas da bicicleta, a pôr os pés fora do hospital e a tentar seguir com a minha vida.

Não vos posso garantir desde já que vou ultrapassar tudo como uma campeã olímpica e muito menos vos posso prometer que a partir de agora sou a pessoa mais feliz do mundo porque nada disso vai acontecer. Mas (e foquem-se no mas) eu vou esforçar-me para nunca desistir e lutar com todas as minhas forças para alcançar os meus objectivos e lutar contra os obstáculos.

É claro que para isto tenho que fugir ao registo de definir objectivos impossíveis de atingir e ser um bocado mais realista mas isso são outros quinhentos.

Para já tive o meu primeiro dia de regresso à escola. Já não me sentia assim há pelo menos sete anos, pareço uma adolescente outra vez. O que é bom porque sinto a parte boa de ser adolescente, pelo menos a parte que eu mais gostava que era estudar. O que posso dizer, sou uma marrona por natureza.

Já percebi que tenho alguns desafios pela frente como o facto de ser envergonhada e de ter um certo medo de falar com as pessoas. Quero dar-me bem com toda a gente e acredito que eles até gostem de me aturar depois de me conhecerem embora, para já, não vou dar muita importância a isso.

Outro desafio é o cansaço. Espero que ao habituar-me a uma nova rotina ele vá desaparecendo e o meu corpo decida aceitar que quem manda aqui sou eu! Caso contrário vou apresentar imensas reclamações por escrito - como faço aqui desde o início do blog - e vou continuar a ser ignorada por ele porque é assim que funciona esta relação de amor-ódio.

Mas eu não desespero porque amanhã é outro dia que vou ter de encarar com a cabeça erguida e hoje é tempo de descansar. Se me deitar às nove da noite não estranhem, já sabem que nasci no corpo de uma senhora de noventa e cinco anos.

Oh, que tragédia!

 

 

P.S: Quem me dera que o corpo da senhora de noventa e cinco anos fosse daquelas que tomam o cogumelo do tempo e andam a correr e a saltar por todos os lados a pedir ao Tony Carreira para lhes fazer um filho. Só que não.

Lições importantes.

por AF, em 17.07.17

Como em todas as tempestades, aparece sempre o sol e um arco-íris.

Nestes sete meses em que vos contei a minha história, e me fartei de reclamar sobre a minha querida amiga fibromialgia, nunca houve uma vez em que vos dissesse que estava bem.

Hoje, é com grande alegria que admito que estou há uma semana sem dores. Bom, confesso que ontem foi um dia complicado mas não podia perder a oportunidade de mostrar que também existe o lado bom nesta doença.

Passei umas semanas complicadas. Estive de baixa médica em casa, sem poder trabalhar e a sentir-me completamente abandonada pelo nosso sistema de saúde. Senti que mesmo muito contrariada, lá veio a ajuda na forma de milagrosas "drogas". Enfim, o que for preciso para me sentir bem.

Voltei ao activo apenas há uns dias. Estou cansada, não nego que os últimos dias foram esgotantes o que é completamente normal tendo em conta que perdi aquele ritmo que é preciso ter para ser eficiente. Devagarinho vou voltar e ainda com mais forças.

O facto de ter ido completamente abaixo como nunca foi antes apenas serviu para me ensinar que eu realmente adoro o que faço como trabalho e gosto de levar alegria e magia às pessoas que cruzam a minha vida todos os dias. Também me apercebi que gostava de ser uma pessoa melhor, mais motivada, mais produtiva, mais... forte. Por isso tenho lutado e vou continuar a lutar para que todos os meus objectivos se concretizem.

É aqui que se torna importante aquilo que estou a dizer. Vão sempre haver dias maus nas nossas vidas. Seja o que for que vos atormenta, seja doença física, mental, seja qualquer outra coisa. Mesmo que vocês sejam pessoas completamente normais e não tenham muitas preocupações na vida (e é mesmo o que desejo para todos) haverá sempre aquele dia em que se vão sentir em baixo. Vão sempre cair. Vão sempre haver dúvidas, medos, a vontade de se deitarem na cama e não acordarem mais. Mas sabem que mais? Isso passa.

A tempestade passa. O pesadelo acaba. Nada na vida é para sempre e é isso que temos que perceber. Hoje podemos estar lá no fundo do poço sem conseguir ver a luz mas amanhã sem nos apercebermos estamos a trepar as paredes em direcção à liberdade.

A lição mais importante da vida é essa. Tudo é efémero. O que é mau pode vir mas também se vai logo embora. Basta-nos continuar a lutar e nunca desistir. Temos de que nos descobrir e encontrar a força escondida dentro de nós.

Hoje é um dia bom.

E eu vou lutar para que os restantes também o sejam.

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