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Suponho que esta seja a minha carta de despedida.
À minha família que provavelmente lerá isto um dia à procura de explicações deixem-me só dizer-vos que vos amo com todas as células existentes em mim. À minha irmã: espero que um dia me perdoes e lutes muito durante a tua vida para seres feliz. Tu mereces.
Enquanto espero quero aproveitar para frisar aqui que ninguém teve culpa do que me aconteceu. Sim, eu tenho fibromialgia. Sim, é a maior merda do mundo viver sabendo que todos os dias são uma tortura e não existe uma cura.
Mas não é só isto que me faz desistir. Eu também tenho uma depressão e infelizmente o nosso SNS está-se nas tintas para os problemas mentais. Há dez anos que sofro e há dez anos que batalho todos os dias em silêncio. Finalmente quebrei. Cansei-me da mistura de coisas más que estão constantemente entre o meu corpo e a minha cabeça. Eu podia ser a pessoa mais feliz do mundo e mesmo assim não aguentar.
Eu não aguentei. Mas sabem, eu não me sinto cobarde por desistir. Eu sinto-me uma vencedora. Porque finalmente consegui ultrapassar o meu medo em relação à morte.
Estou totalmente em paz neste momento. Comigo, com o mundo. Sinto-me tão feliz.
Sei que a minha mãe vai ficar destroçada, e a minha avó, tio, padrasto (que é mais que meu pai, tia. E a minha querida irmã. O sol da minha vida.
É o meu único arrependimento. Saber que existe a possibilidade de lhe estragar a vida. Por favor não deixem que isso aconteça. Ela merece tanto. Tanto tanto.
Amo-te mamã. Não desistas. Não desistas porque a mimi precisa de ti. É o meu último pedido: tornem a mimi numa grande mulher e vivam por ela. Ela é a maior preciosidade deste mundo.
Perdoem-me sim? Por não ter aguentado. Amo-vos muito.
Mas vou estar a olhar por vocês todos para onde for.
Amo-vos.