Não foi nada fácil, devo dizer. Mais de dez crianças entre os dez e os onze anos enfiados numa sala a pular de um lado para o outro, a gritar, a cantar, a dançar, a rir, a falar.... ENFIM. Acho que percebem a ideia.
Quando me lembro de trabalhar num sítio em que parte da minha função era entreter miúdos com jogos divertidos, vem-me à ideia que nessa altura era muito mais fácil chamar-lhes a atenção. Mas eu não sou uma desistente e tal como antigamente peguei nuns jogos interessantes e nada infantis para eles se divertirem.
E podem crer que se divertirem. Divertiam-se tanto que às vezes eu tentava falar e não conseguia ser ouvida nem por mim própria! Já sei aquilo que os professores sentem na escola e com isto deixo um enorme pedido de desculpas a todos os professores que já tiveram de me aturar.
De qualquer das formas sinto que foi uma missão cumprida. Os meus pais arrasaram na decoração: puseram as minhas ideias em prática, juntaram-lhe magia e ficou tudo espectacular. A família toda conseguiu encher a minha irmã de alegria com as prendas que ela nunca esperaria. Os doces eram bons - eu não posso falar por mim porque passei o fim-de-semana inteiro a torradas. Chorem por mim.
Os presentes nos saquinhos estavam originais com um marcador de livros feito por mim, impresso pelo meu tio e plastificado pela minha tia - chama-se a isto teamwork malta.
Enfim, em suma acho que a minha irmã adorou o dia de festa em que se divertiu imenso com os amigos, recebeu prendas giras, riu, dançou, jogou, comeu doces e teve as atenções todas nela.
E eu como irmã babada como é óbvio também adorei. Mas aqui entre nós deixem-me dizer-vos que o que adorei mesmo foi chegar à cama no fim do dia e adormecer que nem uma pedra.
Por isso já sabem, se tiverem alguma fase de insónias a solução é uma festa de pré-adolescentes. Funciona melhor que comprimidos!
Acontece que há exactamente onze anos atrás eu não fazia a mínima ideia que a alegria da minha vida estava na barriga da minha mãe à espera de nascer. Foi a dia 22, às 17h31 que o meu mundo mudou.
Passei de "não quero, recuso-me, detesto a ideia de ter uma irmã" a "que bebé mais linda e fofinha, quero protegê-la para sempre". Não fiquem chateados, estava naquela idade difícil dos 14 anos em que tudo no mundo é horrível. Não é que agora tudo no mundo seja bonito, mas graças a deus já não estou na idade parva!
Como eu estava a dizer, ela nasceu e veio transformar a minha vida para sempre. Não há criança no mundo que para mim seja mais linda, mais divertida, mais fofinha e mais capaz de vencer qualquer coisa que meta na cabeça. A minha irmã vai ser uma super-heroína. Só ainda não é porque a licença de super-herói só pode ser tirada aos 18 anos. Paciência minha gente.
Com toda esta excitação (leia-se profunda nostalgia) do tempo ter passado tão rápido e da minha bebé pequenina já ser uma pré-adolescente, não há nada mais indicado para festejar o dia como uma grande festa!.... no dia seguinte.
As festas de crianças ainda têm que esperar para fins-de-semana, sim.
Então estamos todos numa missão difícil mas não impossível de criar a melhor festa de sempre - sem ser como aqueles pais americanos ridículos que parecem criar dinheiro do nada com orçamentos estupidamente alargados que nem sabemos como - para a nossa menina passar um dia maravilhoso.
Decoração, convidados, doces (muito importante!) e tantas outras coisas que já nem me consigo lembrar do cansaço acumulado de andar à procura de coisas bonitas para a festa. O continente falhou-me completamente e se o nosso amor ainda não tinha acabado hoje tenho a dizer que encontrei um novo amor: o chinês.
Não há melhor sítio para usar a imaginação, deixem-me dizer-vos.
Mas é isto, eu e a minha família andamos todos numa demanda profunda para planear uma festa de uma pré-adolescente por isso agora têm que me aturar assim.
Veremo-nos então depois do sábado... se eu sobreviver!
É oficial: juntei-me ao grupo de pessoas com um bullet journal.
Sabem toda aquela história de eu ter sempre a cabeça desorganizada e não me conseguir lembrar de certas coisas ou da necessidade que tenho de ser criativa quando nunca consigo? Bom, descobri a solução.
Há muitos anos que mantenho um pequeno caderno preto como uma espécie de diário em que escrevo os meus pensamentos mais íntimos e de vez em quando lá desenho qualquer coisa engraçada. Antes disso, é importante contar-vos que passei a minha vida a coleccionar caderninhos onde escrevia imensas histórias, textos e coisinhas sem graça nenhuma que me passavam pela cabeça. Quando eu era adolescente garanto-vos que não me encontravam em lado nenhum sem um caderno.
Ora, gostando eu tanto de escrever e de cadernos... .e material de papelaria no geral (eu sei, é um vício muito sério!) nunca resisti na altura de pôr mãos à obra e de me sentir uma menina pequena no seu primeiro dia de escola. É aqui que se coloca o problema. Cada caderno era para uma coisa diferente, não podia misturar certas coisas em cadernos mais elegantes porque só podiam ser para aquilo e ficarem bonitos e o pior: a quantidade de cadernos em branco que tenho guardados em casa pelo simples facto de não os querer estragar com a minha letra feia e clara falta de jeito para desenhar.
Mas enfim, há uns meses atrás lá comecei a encontrar na internet páginas lindíssimas de algo que parecia uma agenda só que não era bem uma agenda. Era algo mais. Era especial!
Então fiquei obcecada com este dito bullet journal e andei meses e meses à procura de um caderno pontilhado que não custasse os olhos da cara para poder começar. Queria ser produtiva, queria ser criativa, queria ser especial.
Na altura não encontrei e fiquei muito chateada por ter apenas mínimas opções que eram demasiado e desnecessariamente caras e então continuei com o meu caderno preto a explorar a minha criatividade. Nunca fui pessoa de escrever todos os dias religiosamente no diário porque dou por mim muitas vezes cansada e sem paciência. Já devem ter reparado pelo meu blog.
De qualquer das formas era importante ter algo que me permitisse organizar os pensamentos e experimentar rastrear coisas que seriam importantes para o meu bem estar como as minhas horas de sono e o humor ao longo do dia. Para além disso, e chamem-me picuinhas à vontade, queria uma coisa que ficasse verdadeiramente agradável à vista. Então imaginem só a minha cara quando no Natal estou a abrir os presentes e recebo o quê? Exacto, um caderno pontilhado!
Acreditem que quase dancei.
Mas não menosprezem a minha enorme capacidade de procrastinar por não acreditar nas minhas capacidades ou o tal medo de deixar tudo feio. Demorou um mês e alguns dias para que eu conseguisse pegar no caderno e o transformasse no meu bullet journal.
Ganhei finalmente coragem quando um dia no hospital, uma das psicólogas mencionou que podíamos começar a fazer um mood tracker ou se quiséssemos um bullet journal. Eu já tinha planeado naquele fim de semana começar mas ainda não tinha tido o empurrãozinho. Quando cheguei a casa comecei.
Estraguei logo a primeira página! Ia a escrever "bullet journal" na primeira página pontilhada para fazer uma capa bonita e comecei a fazer as letras demasiado grandes. Fiquei logo assustada mas como sou uma tipa que às vezes até tem umas ideias fixes: transformei o "bull" em "BOO!", desenhei um fantasma e essa foi a minha primeira página.
Desde então nada tem corrido como eu idealizo quando vou fazer uma página mas decidi não me preocupar e dar asas à imaginação. Uso cores diferentes, tipos de letra diferentes e muitas ideias que encontro na internet. Assim vou-me organizando, vou sendo criativa e acima de tudo vou transformando o que sinto em algo saudável e produtivo.
Finalmente encontrei uma forma gira de organizar os pensamentos.
Agora falta organizar o resto mas isso fica para a próxima!