Ajuda
Preciso de ajuda.
Não, não tem mal eu estar a dizer isso nem faz de mim uma pessoa mais fraca. Estou a chegar ao meu limite por isso preciso de ajuda.
Todos os dias acordo a pensar que seria mais fácil não existir porque não sentia dores. Não me interpretem mal, logo a seguir convenço-me de que sou super forte e consigo fazer tudo aquilo que quero por isso não tenho outro remédio se não enfrentar o dia. Continuo a trabalhar, a existir e a fazer aquilo que tenho que fazer porque, honestamente, sempre que me apanho sem nada para fazer não consigo escapar à minha cama.
É que dói-me tudo. As costas, as pernas, os braços, o pescoço... a minha própria existência.
"Filipa, pára de ser dramática!" Vamos fazer um exercício, pode ser? Ponham-se à frente de um camião tire, sejam atropelados por ele, depois deixem um elefante passar por cima de vocês. Nisto, têm que ter centenas de agulhas pequeninas espetadas no vosso corpo e ainda têm que aguentar o resto do dia com uma mochila de 20kg às vossas costas enquanto fazem a vossa vida normal. E isto é só uma parte. Depois de suportarem tudo digam-me se estou a ser dramática.
É assim que me sinto todos os dias. Tenho dias melhores, é claro, mas as dores nunca me deixam. Nunca tenho um momento de descanso em que posso dizer que estou verdadeiramente bem e tenho tantas, mas tantas saudades disso.
Continuo com a cabeça numa confusão tão grande que me custa pensar normalmente. E está sempre a doer também como se estivesse numa ressaca permanente sem nunca me ter embebedado.
Não, não é nada fácil e eu continuo a tentar. Mas estou cansada disto. Estou cansada das dores e cansada de que a única solução para elas seja drogas e mais drogas. Estou cansada de pensar que tenho que fazer exercício para ficar melhor mas nem com o peso do meu corpo aguento, quanto mais a dificuldade de uma passadeira uma elíptica ou outra coisa qualquer.
Cansada de médicos que desistem. Cansada que me digam que "não se pode fazer nada pela coluna" ou que "a fibromialgia é assim: tens que aprender a viver e aceitar". Estou cansada que seja verão e eu queira sair mas não tenha forças nem paciência para deixar a minha própria casa.
Apetece-me desistir. Se soubessem o quanto me apetece desistir! Mas não o faço, continuo aqui a lutar todos os dias e a tentar vencer uma luta que estou destinada a perder. Custa-me tanto. Por isso é que digo que preciso de ajuda. Preciso de algo diferente, algo que mude. Preciso de conseguir libertar-me destas grilhetas invisíveis que me tornam prisioneira no meu próprio corpo. Preciso tanto de ser livre!
E depois penso que todas as pessoas com fibromialgia se devem sentir assim e sinto-me tão triste, tão derrotada por não poder ajudar ninguém. Por não ser uma mente brilhante para descobrir ou rica para financiar uma cura. Por não poder tirar as dores aos outros. Por não poder tirar as minhas próprias dores! Sinto-me impotente perante isto.
E é por isso que preciso de ajuda.
Gostava que ela resultasse desta vez.